sábado, 12 de março de 2016

Ciclo de vida


Quando eu nasci, há 31, a minha mãe teve-me na Maternidade Alfredo da Costa. Fui para casa após uma semana e fiquei uns meses com a minha mãe. Mais tarde a minha madrinha e padrinho de baptismo, que são meus primos, ficavam comigo enquanto a minha mãe trabalhava numa repartição publica, isto durante os meus primeiros anos de vida. Portanto alguém da família e da confiança  da minha mãe e do meu pai para cuidar de mim e começar a formar-me. Aos três anos fui para um infantário e continuei o normal percurso de uma pessoa, com os seus altos e baixos, com as brincadeiras que nos eram habituais e com com as quedas e mazelas frequentes, quer físicas quer afectivas. Isso fez-me crescer e ser quem sou hoje.
Há uns dias, numa conversa de colegas, surgiu o facto de uma das pessoas que trabalha comigo falar que teve um bebé há pouco tempo, mais ou menos após seis meses o novo rebento foi para um berçário. Tem seis meses apenas!
Isto faz-me pensar e repensar na forma actual de educar os nossos filhos, pois dei-me conta que é frequente os casais fazerem este tipo de atitude para solucionar o facto de cada vez mais pessoas trabalharem por turnos e não terem ninguém com quem possam deixar os filhos. Ou seja, são por assim dizer obrigados a deixar que outros, que podem até não ter os mesmos valores dos pais, iniciarem a formação dos seus mais pequenos e por vezes ficam com essas pessoas anos a fio. Pois pensem lá um pouco, se os primeiros anos são o que nos moldam a personalidade e nos fazem ter respeito por outros, criam-se laços entre os pais e os filhos.
É certo que mais cedo ou mais tarde estas crianças teriam que começar a socializar, mas não sei se é benéfico fazê-lo tão sedo.
Continuando, mais tarde pode passar para um infantário e descobrir que há mais meninos como ele e se calhar descobrir as diferenças de género, pois foi por essas alturas que descobri isso. Foi nestas alturas que no infantaria "Alvalade" que comecei a jogar à bola, à apanhada e à minha maneira socializar um pouco como os que me rodeavam. Mas nesta conversa que tive dei-me conta que é frequente os miúdos verem filmes e televisão. Ou seja, para não darem tanto trabalho põe os miúdos a ver todo o tipo de tretas da Tv. e quem os educa é a Tv. pois eles não estão para ter trabalho de verdadeiramente educar ou, segundo o que pude apurar, não têm pessoal suficiente para supervisionar as crianças, uma vez que as "propinas" do infantário são baixas, na sua maioria. As crianças que crescem nestes moldes desenvolvem personalidades apáticas em relação ao que as rodeia, segundo alguns especialistas, e aqui é o problema.
Desculpem estar a falar frequentemente de mim, mas eu sei o que posso expor da minha vida e assim fica mais fácil e evito burocracias. Mas voltando a falar de mim, foi neste anos que sei que a minha educação foi marcada e não como muitos pais pensam que é já na escola primaria que vão ser educados. As crianças vão para a primaria para serem formados e isto não é a mesma coisa que educar, pois o propósito da escola é fazer com que os meninos aprendam a escrever, contar e no decorrer da sua formação aprenderem um oficio ou estarem, de forma geral, minimamente preparados para um oficio. Já educar prevê a vivência em sociedade.
Como solucionar isto? Penso que se devia apostar em postos de trabalho mais regulares e se assim for o caso tender para um apoio maternal diferente, mais alargado, mais para o ser humano do que até agora temos.

Prometo continuar a escrever sobre isto nos próximos artigos do blog.

1 comentário:

  1. Concordo com o que diz, pois a educação começa desde que nascemos, mas conheço alguns casos que as mães ficaram com os filhos até irem para a primaria e isso não foi suficiente para serem boas pessoas. Falo especialmente de um caso em que o casal tem 3 filhos a quem deram o mesmo tipo de educação e um deles é tão diferente dos outros dois. Infelizmente no pior sentido.
    A maneira de viver a vida, o respeito pelos outros e as obrigações de viver em sociedade são o oposto dos irmãos.
    Eu tive com a minha filha em casa até ela ter cerca de 2 anos, depois foram os meus pais que cuidaram dela até ir para para a primária, pois eu trabalhava. Naquela altura, já lá vão 25 anos não havia infantários na aldeia, mas ao longo da vida vejo que lhe fez falta conviver mais cedo com outras crianças. Acredito que a tornaria mais segura e mais desenrascada. Posso estar errada.
    Actualmente não há grande margem para uma mãe ficar em casa sem trabalhar e infelizmente algumas vezes a entidade patronal faz pressão para que rapidamente se volte ao trabalho. Podemos dizer que a lei dá o direito à mãe ou ao pai de ficar com a criança até aos 6 meses, mas algumas vezes não o podem fazer, pois arriscam-se a perder o emprego.

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